Funding não é mais apenas sobre dinheiro. É sobre visão.

O modelo tradicional de funding do mercado imobiliário está esgotado.

O modelo tradicional de funding do mercado imobiliário está esgotado. A lógica de depender exclusivamente do plano empresário ou do capital próprio já não responde à complexidade e ao ritmo de crescimento exigido pelos empreendedores de hoje.

Nos últimos anos, assistimos à redução das margens líquidas da incorporação, ao aumento da inflação setorial, à pressão sobre o custo do capital e a uma crescente imprevisibilidade regulatória. Ao mesmo tempo, novas demandas e oportunidades surgem por todos os lados: retrofit, construção industrializada, RaaS, urbanização com uso misto. O cenário exige mais flexibilidade, velocidade e sofisticação na forma de estruturar capital.

Contexto do funding imobiliário

Nesse contexto, o funding precisa deixar de ser apenas um meio para "viabilizar" um projeto e passar a ser encarado como uma ferramenta estratégica — que amplia margens, reduz exposição, atrai investidores e melhora condições de negociação com clientes e fornecedores. O funding certo, no momento certo, com a estrutura certa, pode ser a diferença entre um projeto viável e um projeto transformador.

Acreditamos que a nova fronteira do setor imobiliário passa por um salto de maturidade financeira. Um salto que só será possível com mais educação, mais clareza sobre as alternativas existentes e mais autonomia para os tomadores de decisão. O mercado brasileiro vive hoje um momento único: há capital disponível, há tecnologia para estruturar, há investidores buscando boas oportunidades. O que falta é visão estratégica para conectar esses elementos de forma eficiente.

É por isso que defendemos uma nova abordagem sobre funding.

  • Uma abordagem que considera todas as etapas do projeto — do terreno ao habite-se — e reconhece que há inúmeras formas de financiar cada fase.
  • Que enxerga a alavancagem não como um risco absoluto, mas de fato como uma alavanca de retorno quando usada com método.
  • Que entende que olhar apenas para a taxa de juros é miopia, e que o verdadeiro ganho está em ter clareza dos seus objetivos e montar uma estrutura que os potencialize.

Abaixo, vamos te explicar com detalhes a abordagem que defendemos:

Entendendo a transformação do funding no Brasil

O mercado financeiro imobiliário brasileiro está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda. O que antes era uma engrenagem quase toda operada por capital bancário e subsídios públicos, hoje começa a ser substituído por um ecossistema mais amplo, mais diversificado — e, também, mais complexo.

Crescimento de instrumentos alternativos de funding

De dezembro de 2022 a dezembro de 2024, observamos um crescimento expressivo no volume movimentado por instrumentos alternativos como CRIs, LCIs, FIIs e LIGs. Esses instrumentos passaram a ocupar um espaço relevante na composição do funding, indicando um amadurecimento estrutural da indústria.

Esse amadurecimento, no entanto, não aconteceu por acaso. Ele é reflexo direto de três grandes movimentos simultâneos:

  1. Capital subsidiado cada vez mais restrito

    O crédito habitacional subsidiado — principal motor de financiamento nos últimos ciclos — está se tornando mais seletivo. O SBPE e o FGTS estão cada vez mais orientados ao cliente final (PF), com menos espaço para financiar incorporadoras, especialmente as de pequeno e médio porte. O resultado? Pressão sobre a originação de obras e a necessidade de buscar capital em fontes menos convencionais.

  2. Evoluções regulatórias que destravam o mercado

    Nos últimos dois anos, vimos uma série de mudanças regulatórias que, apesar de técnicas, tiveram enorme impacto prático: desde a flexibilização de regras para CRI, CRA, LCI e LIG até novas normas para crowdfunding, tokenização e registro de recebíveis. Essas medidas aumentam a segurança jurídica, abrem espaço para novos produtos e ajudam a aproximar investidores do setor imobiliário.

  3. Emergência de novos perfis de investidores

    Ao mesmo tempo, o mercado começou a atrair capital que antes não se aproximava do setor. Fundos soberanos, family offices, plataformas digitais e até o investidor pessoa física estão encontrando formas de acessar o risco imobiliário — muitas vezes por estruturas como FIIs de desenvolvimento, clubes de investimento, CRIs pulverizados ou operações via plataformas.

Esses três movimentos — restrição do capital tradicional, destravamento regulatório e entrada de novos players — estão criando um ambiente mais assimétrico e exigente.

Se antes as decisões de funding se resumiam a “qual banco me aprova com melhor taxa?”, agora elas exigem visão estratégica: quais produtos existem? Como estruturo uma operação que combine diferentes fontes? Como equilibro risco, retorno e controle? Como apresento meu projeto a um investidor institucional?

Esse novo cenário não é mais binário — ele é plural, composto por camadas.

O amadurecimento do mercado está gerando inovação. E essa inovação está criando produtos mais eficientes, capazes de atender perfis diferentes de empreendedores e projetos.

Inovação em produtos de funding

Mas, com mais opções, vem também mais responsabilidade. A escolha errada de funding pode engessar um projeto ou diluir excessivamente o retorno do empreendedor. Já a escolha certa pode ampliar margens, reduzir exposição e acelerar o ciclo do negócio.

Viés defensivo e Viés oportunístico

Essa nova realidade também nos obriga a revisar a forma como pensamos o papel do funding dentro do projeto. Tradicionalmente, o mercado imobiliário operou com uma mentalidade reativa, usando o capital como um escudo — um recurso para lidar com pressões externas e preservar margem.

Chamamos essa lógica de viés defensivo.

Viés defensivo no funding

Ela é compreensível, especialmente em um ambiente marcado por:

  • Aumento dos custos de materiais e mão de obra
  • Alta no custo do capital e maior seletividade dos bancos
  • Incertezas regulatórias e mudanças tributárias

Diante disso, a incorporação tradicional se torna menos atrativa e mais arriscada — o que leva muitos empresários a enxergarem o funding como uma forma de se defender: manter o lucro, reduzir exposição e melhorar condições com fornecedores e clientes.

Essa leitura ainda faz sentido em muitos contextos. Mas ela não é suficiente para navegar os próximos ciclos.

Porque, ao mesmo tempo em que a pressão aumenta sobre os modelos convencionais, surgem novas teses com potencial assimétrico de retorno: retrofit, construção industrializada, produtos híbridos, modelos baseados em recorrência como o RaaS e operações voltadas à hotelaria, entre outros.

Essas oportunidades não seguem a mesma lógica dos empreendimentos tradicionais. Elas exigem visão estratégica, capacidade de leitura de demanda e, sobretudo, estruturação inteligente de capital.

É aqui que entra o viés oportunístico.

Viés oportunístico no funding

Ele parte da premissa de que o funding não serve apenas para proteger, mas para avançar. Ele se torna um motor de crescimento — a ferramenta que permite acelerar projetos, capturar oportunidades específicas de mercado e escalar com velocidade.

Quando usado com esse olhar, o capital deixa de ser um custo a ser minimizado e passa a ser um ativo a ser alocado de forma eficiente.

Ou seja, o mesmo instrumento — o funding — pode ser utilizado para finalidades completamente distintas:

  • Defensivo: manter margem, reduzir risco, preservar caixa
  • Oportunístico: escalar, antecipar, capturar retornos maiores

O ponto central é que o empreendedor precisa escolher conscientemente qual lógica está guiando suas decisões — e se ela está, de fato, alinhada ao momento do mercado e ao potencial do seu projeto.

Esse é o divisor de águas entre os que apenas sobrevivem e os que lideram o próximo ciclo de crescimento do setor.

Uma nova interpretação para o funding

Essa mudança de mentalidade nos leva a uma nova interpretação do que é, de fato, estruturar o funding de um projeto.

Durante muito tempo, pensar em funding era sinônimo de buscar um empréstimo ou financiamento bancário — geralmente na etapa da obra. Mas a realidade é que todo projeto, do início ao fim, precisa ser financiado: terreno, aprovação, marketing, obra, pós-venda. Cada fase representa uma necessidade de capital distinta, com prazos, riscos e oportunidades diferentes.

Quando olhamos com atenção para o fluxo de caixa de um projeto típico, percebemos que as saídas financeiras começam muito antes da entrada de receita. O desembolso com terreno e aprovações, por exemplo, acontece anos antes de qualquer repasse bancário. E mesmo o marketing e o comercial exigem capital antes do projeto se pagar.

Ou seja: o funding não começa na obra. Ele começa no zero.

É por isso que precisamos abandonar a visão simplificada de “vou financiar quando começar a construir” e adotar uma lógica de composição: montar uma estrutura de funding que respeite as fases do projeto e as características do negócio.

Essa estrutura pode (e deve) incluir diferentes fontes: capital próprio, recursos de clientes, adiantamento de fornecedores, investidores institucionais, securitização, entre outros.

Funding não é tomar dinheiro. É orquestrar as alternativas possíveis para financiar o seu projeto com mais eficiência, menos risco e maior retorno.

E isso nos leva a um novo entendimento: existem duas grandes alavancas para otimizar o funding de um projeto imobiliário:

  1. Melhoria das condições com clientes e fornecedores

    Negociar melhores prazos, antecipar recebíveis com segurança, estruturar permutas mais inteligentes, trabalhar com regimes de pagamento que aliviem o caixa. Essas estratégias criam eficiência — melhoram o resultado do projeto em si.

  2. Alavancagem via capital e investidores

    A outra alavanca é multiplicar o impacto do seu capital com fontes externas. Ao compor uma estrutura de capital que combina recursos próprios com investidores que absorvem parte do risco, o empreendedor consegue acelerar o projeto, preservar caixa e ampliar o retorno sobre o capital investido.

Essas duas alavancas, quando usadas com método, transformam o papel do funding. Ele deixa de ser uma dor e passa a ser uma ferramenta de vantagem competitiva.

Alavancas para otimizar o funding

Mas para isso, é preciso enxergar funding como uma composição — e não como uma linha de crédito.

SCORE DE MATURIDADE

41% dos empreendedores imobiliários apontam que identificar a estrutura financeira correta é seu maior desafio em funding.

Enquanto apenas 26% já aplicam múltiplas alternativas para otimizar retorno e reduzir riscos.

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Capital Stack – a forma adequada de atrair investidores para seu projeto

Capital Stack

Essa lógica se materializa de forma mais clara no conceito de capital stack. Em vez de buscar um único provedor de capital para todo o ciclo do projeto, organizamos diferentes fontes — dívidas e equity — conforme a fase de desenvolvimento e o nível de risco. O incorporador deixa de ser o único financiador do negócio e passa a atuar como orquestrador da estrutura de capital.

No topo da pirâmide, o equity comum representa o capital de maior risco e maior retorno. Abaixo dele, o equity preferencial, a dívida mezzanine e a dívida sênior se distribuem conforme o nível de segurança e prioridade de pagamento. Essa lógica, amplamente usada em mercados mais maduros, permite atrair investidores com diferentes perfis e reduzir o custo médio de capital.

Mais do que isso: permite estruturar o projeto por etapas. É possível pensar em estratégias específicas para o ciclo do terreno, para o período entre viabilidade e início das obras, para o financiamento da construção e para o momento de repasse. Cada um desses ciclos pode ter fontes e estruturas de funding próprias — e o acoplamento inteligente entre elas é o que gera eficiência.

Por exemplo: antecipar o repasse de clientes, quando viável, melhora radicalmente o fluxo de caixa do projeto e reduz a dependência de capital externo. Usar permutas ou crédito ponte na fase de aquisição do terreno pode destravar viabilidades que antes pareciam distantes. E recorrer ao plano empresário com capital de terceiros — ao invés de usar apenas recursos próprios — pode multiplicar o retorno patrimonial do incorporador.

A eficiência no uso do funding está menos ligada à taxa de juros nominal e mais à combinação entre estrutura, risco e tempo. Um capital aparentemente mais caro pode sair mais barato se liberar o caixa mais cedo ou reduzir a exigência de garantias.

Por isso, é fundamental olhar para o funding de forma estratégica, avaliando impacto sobre o retorno do projeto, sobre o uso do capital próprio e sobre a atratividade para investidores.

Na prática: o impacto na rentabilidade

Considere um projeto com 80 unidades, R$ 56M de VGV, uma necessidade de capital de R$ 23.5M e expectativa de gerar R$ 12.6M em lucro.

Vejamos como o Capital Stack pode transformar o seu resultado com um empreendimento:

Cenário 1 – Sem Alavancagem

  • Capital investido pelo incorporador: R$ 23.5M
  • Lucro do Incorporador: R$ 12.6M
  • TIR: 26,7%
  • Múltiplo lucro vs capital investido: 0,54x

Cenário 2 – Adicionando 1 Stack (Financiamento à Produção)

  • Capital investido pelo incorporador: R$ 6.1M
  • Lucro do Incorporador: R$ 9M
  • TIR: 35,6%
  • Múltiplo lucro vs capital investido: 1,46x

Cenário 3 – Adicionando 2 Stacks (Financiamento + Crédito para Terreno)

  • Capital investido pelo incorporador: R$ 1.3M
  • Lucro do Incorporador: R$ 5.6M
  • TIR: 79,3%
  • Múltiplo lucro vs capital investido: 4,12x

Comparativo de stacks

Resultado: O empreendedor que organiza bem seu Capital Stack consegue reduzir sua exposição de capital e multiplicar o seu lucro sobre o capital investido em até 7.6 vezes.

Isso sem precisar mudar o projeto, aumentar o VGV ou correr riscos desnecessários.

Comparativo de stacks de capital

Se o setor quiser crescer com inteligência, precisará abandonar o improviso e adotar estruturas mais sofisticadas e adaptáveis. A abordagem que propomos é uma resposta direta a esse desafio. Uma abordagem que já vem sendo aplicada por empresas que querem acelerar seus projetos, melhorar suas margens e atrair capital com mais segurança.

Se quiser entender mais sobre isso, faça seu diagnóstico de maturidade em funding e fale conosco

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