#132: Studios, IA e locação flexível: sinais do futuro do setor

Entenda como esses movimentos podem mudar o jogo para quem empreende no setor.

Radar Terracotta #132
Bruno Loreto
Por Bruno Loreto
Sócio | Terracotta Ventures

Às vezes corremos o risco de ser repetitivos, mas como dizia Manoel de Barros: "Repetir é uma forma de insistir. Insistir é uma forma de criar".

Dito isso, hoje criaremos a ponte entre temas que já falamos por aqui.

A inteligência artificial como pauta estratégica e principal assunto das rodas de conversas na Brazilian Week em Nova Iorque.

O mercado de studios mostrando que não é só sobre locação de curta estadia, mas também uma piscina de oportunidades futuras.

E a tese de locação flexível demonstrando nos EUA como construir um produto imobiliário que acompanha o cliente.

Boa leitura!

NA EDIÇÃO DE HOJE:

  • 📊 Studios em SP → pipeline de upgrade para incorporadoras
  • 🤖 IA estratégica → agentes de voz, canteiro smart & roadmap 2027
  • 🏡 Landing capta US$ 180 mi → locação flexível em escala
  • 🎙️ Você pode escutar esta edição clicando aqui
DATA ESPECIAL

6 anos de Terracotta Ventures

Lá atrás, quando começamos, a ideia parecia ousada: Um fundo de venture capital focado em transformar o setor imobiliário e da construção civil com tecnologia e capital inteligente.

A fagulha veio em 2016, quando vimos que, em todos os mercados imobiliários relevantes do mundo, um mesmo movimento se repetia:

Mais startups surgindo, algumas despontando como referência, atraindo investidores e despertando empresas tradicionais para inovação.

O resultado?

Empresas especializadas em investimento tech surgindo de Nova York ao Vale do Silício, de Londres a Tel Aviv.

Nosso objetivo foi claro desde o início:

Ser o primeiro VC focado em real estate e construção no Brasil.

Mas a tese só se sustentou porque evoluímos com ela.

▶️ A captação não veio do mercado financeiro tradicional. Veio de empresários do setor, que entenderam o que estávamos construindo.

▶️ O perfil do empreendedor ideal foi se ajustando à prática. Mais do que disrupção, buscamos visão estratégica aliada ao conhecimento real do mercado.

No fim, investimos em 18 empresas, que juntas já movimentaram mais de R$ 360 milhões e geraram quase R$ 200 milhões em receita só no último ano.

Hoje, nosso foco está no acompanhamento ativo deste portfólio.

E na estruturação de operações que vão além do VC tradicional – explorando capital secundário, modelos com lastro e novas formas de funding.

Criamos também o Terracotta Insider, um canal direto com decisores do setor para compartilhar aprendizados, teses, dados e oportunidades – e que já conta com mais 100 membros.

Nosso diferencial segue sendo o mesmo desde o início:

Conhecimento profundo do setor e relacionamento com quem faz ele evoluir.

Seis anos depois, ainda estamos só começando.

Se nosso conteúdo é relevante para você, clique no botão de compartilhar e ajude esta transformação chegar mais longe.

RESIDÊNCIA COMO SERVIÇO

O morador do studio é o lead para seu próximo empreendimento

Navegando pelos trabalhos da última edição da Latin America Real Estate Society, me deparei com a pesquisa "Studio na Cidade de São Paulo" produzida por Monique Genari e Eliane Monetti.

O trabalho tinha como objetivo mapear o perfil demográfico do morador de um studio.

As descobertas demonstram com dados algumas percepções empíricas:

Perfil Demográfico Studio

O studio não é percebido como destino final, mas como etapa de transição – uma solução temporária para um público predominantemente jovem, de classe média, escolarizado e que prioriza localização e mobilidade.

Com mais de 80 mil unidades nessa configuração na cidade, as incorporadoras têm nesse público uma demanda segmentada de leads em busca de fazer o upgrade para seu próximo imóvel.

O que abre oportunidade para migrar o cliente para uma locação com maior tickete metragem ou desenvolver um produto voltado a venda que caiba no bolso do cliente.

DIGITALIZAÇÃO

IA ainda é a pauta do momento?

Para quem esteve no Brazilian Week em Nova York no início do mês, não ficou dúvida:

A inteligência artificial ainda é uma pauta estratégica para as empresas.

Do palco do evento de tecnologia às salas reservadas dos encontros promovidos por bancos de investimento, a IA dominou as conversas como um imperativo estratégico.

O consenso é claro: entender, testar e aplicar IA será um dos principais diferenciais competitivos da próxima década.

É fato que a maioria ainda se contenta em explorar o ChatGPT para tarefas operacionais. Mas o campo de jogo está se expandindo de forma acelerada.

Agentes de voz baseados em IA já estão sendo aplicados em contextos verticais – e o mercado imobiliário é terreno fértil para essa adoção.

IA no Mercado Imobiliário

Tudo começa pela substituição de tarefas humanas repetitivas com ROI evidente (“AI como força de trabalho”).

O passo seguinte é a entrada em mercados difíceis, como um “Cavalo de Troia” conversacional, que gera um ativo riquíssimo de dados qualitativos em tempo real.

Por fim, caminhamos para uma fronteira onde o diferencial será a inteligência emocional.

No contexto imobiliário, isso significa sair do chatbot básico para soluções que entendem o tom de voz de um cliente, personalizam a jornada de compra em tempo real e até antecipam objeções antes que elas sejam verbalizadas.

É um shift do transacional para o relacional, com potencial de transformar completamente a forma como interagimos com leads, clientes e parceiros em larga escala.

Para quem quiser se aprofundar neste ponto, recomendo este artigo da NFX.

Outro campo promissor está nos canteiros de obras:

Um exemplo concreto (literalmente) de como a IA está se materializando em aplicações profundas no setor da construção é o caso da Converge.

A startup britânica que acaba de levantar uma rodada de US$ 22 milhões para acelerar a descarbonização do concreto usando inteligência artificial.

A empresa utiliza sensores e algoritmos para prever, em tempo real, o comportamento do concreto durante a cura, permitindo uma redução expressiva no uso de cimento – um dos maiores emissores de carbono da cadeia.

A promessa é dobrar a eficiência na obra e cortar significativamente a pegada de carbono.

Esse tipo de solução representa uma nova geração de tecnologias que não apenas digitalizam o canteiro, mas o tornam mais inteligente, sustentável e alinhado com as exigências ESG dos investidores institucionais.

IA em Canteiros de Obras

Mas talvez o uso mais transformador da IA seja um que poucos estão vendo.

Para os líderes que pensam além do hype, o projeto AI 2027 (sugestão de um de nossos leitores) oferece um mapa robusto do que realmente está em jogo:

A inteligência artificial não será apenas uma ferramenta, mas uma nova camada fundamental da infraestrutura de negócios e da sociedade.

O estudo propõe que até 2027, as empresas mais bem posicionadas não serão aquelas que apenas “usam IA”, mas sim aquelas que redesenharam seus modelos mentais, estruturas organizacionais e proposições de valor a partir do que a IA torna possível.

A mensagem para quem empreende, investe ou lidera negócios no setor é direta:

IA não deve ser apenas mais um item da pauta de inovação. Ela precisa estar no centro do motor estratégico da sua operação – seja para ganhar eficiência, destravar novos produtos ou antecipar tendências.

RESIDENCIA COMO SERVIÇO

Startup de moradia como Serviço levanta US$ 180M nos EUA

A americana Landing, que opera uma rede de apartamentos para estadias flexíveis, acaba de levantar US$ 180 milhões em nova captação – uma combinação de dívida e equity para acelerar sua expansão nos EUA.

O movimento reforça a tese de que a moradia está sendo reconfigurada como serviço, não apenas como posse.

Com mais de 20 mil unidades em seu portfólio, a Landing aposta na fricção zero: sem fiador, sem contrato longo, sem mobília a comprar – tudo plug-and-play.

Landing Startup

Um dos recursos mais interessantes do modelo é o Landing Standby, que permite ao usuário viver em diferentes cidades ou bairros pagando o mesmo valor mensal, sem precisar rescindir contrato ou enfrentar burocracias.

É a lógica do streaming aplicada à moradia:

Acesso, não posse; liberdade, não fidelização espacial.

A provocação é direta para o mercado brasileiro:

Quem vai construir um produto que acompanhe o morador em vez de fixá-lo?

PARA FICAR DE OLHO 👀

Outras notícias da semana

Emissão de LCIs por financeiras pode reduzir custo do funding.

Multifamily virando condomínios na Flórida.

Hora de parar de demonizar a verticalização

Mercado imobiliário de alta renda como porto seguro em meio a guerra de tarifas

A escassez de executivos afeta projetos de construtoras.

Falta de informação dificulta avanço da sustentabilidade no setor

Construção civil na lua? Nasa testa impressão 3D para casas no espaço

Quer investir na tese de Vacation Homes? Pacaso busca investidores.

Conteúdos relacionados

Todos os conteúdos

Entenda, aja, conecte-se
e
invista

O primeiro programa destinado a empreendedores e investidores imobiliários