#125: Edição Especial Alternativas de Funding

A lógica que sustentou a incorporação tradicional nos últimos 20 anos está se esgotando.

Bruno Loreto
Por Bruno Loreto
Sócio | Terracotta Ventures

A lógica que sustentou a incorporação tradicional nos últimos 20 anos está se esgotando. Não por falta de demanda, mas porque a equação risco-retorno está deixando de fazer sentido.

Os números não mentem: margens em queda, custos pressionados e capital mais escasso exigem que o empreendedor imobiliário repense não apenas o produto final, mas todo o modelo de negócio.

A tese é clara: A incorporação tradicional está perdendo atratividade.

Agora, quem joga bem é quem sabe usar funding como estratégia — seja para se proteger ou para crescer.

Hoje estamos inaugurando a série Terracotta Expert Series, com cinco capítulos focados no tema Alternativas de Funding no Mercado Imobiliário.

Espero que aproveite!

NA EDIÇÃO DE HOJE:
📉 A incorporação tradicional está perdendo atratividade
🧪 Empreendedor imobiliário já testa novos caminhos
🛡️ Funding como escudo estratégico × motor de crescimento
🇺🇸 Efeito Trump no mercado imobiliário brasileiro
🎙️ Você pode escutar esta edição clicando aqui
EXPERT SERIES ALTERNATIVAS DE FUNDING

Capítulo 1: A queda do modelo tradicional

🧭 A incorporação tradicional está perdendo atratividade

Durante anos, a incorporação operou com uma fórmula simples: comprar bem, lançar certo, construir, financiar e vender rápido.

Funcionava.

Mas nesse novo ciclo, essa equação se mostra menos eficiente, mais complexa — e mais arriscada.

Entre 2010 e 2022, a margem líquida média das incorporadoras caiu de 20% para 12%.

  • → O custo da mão de obra subiu 2,43x
  • → Os materiais aumentaram 1,94x
  • → A inflação geral (IPCA) foi de 1,59x
Imagem ilustrativa

Ou seja: o setor da construção correu mais rápido que a economia como um todo — e, paradoxalmente, lucrou menos.

Se o lucro cai e o risco aumenta, o empreendedor reage como sempre: buscando alternativas para continuar viabilizando negócios.

⚡ O incorporador está em movimento

Imagem ilustrativa

O empreendedor imobiliário está testando novos caminhos para manter a roda girando.

Três movimentos deixam isso evidente:

➤ Residência como serviço virou produto de venda

Produtos compactos, com parcelas acessíveis e apelo de renda entraram no portfólio de praticamente todas as incorporadoras.

Mais valor por m².

Mais giro na ponta.

Mais apelo financeiro para o comprador.

➤ Industrialização virou resposta à escassez

A idade média do trabalhador no canteiro ultrapassou os 40 anos — e a mão de obra qualificada está cada vez mais escassa.

Métodos construtivos mais industrializados não são inovação.

São condição de continuidade.

➤ Retrofit como solução para o acesso ao solo

Terrenos viáveis estão cada vez mais escassos — e caros.

Requalificar ativos antigos em localizações estratégicas passou a ser uma resposta pragmática ao novo custo do metro quadrado.

📌 O pano de fundo é claro: o empreendedor está se movendo, buscando novas estratégias de produto, execução e estrutura de capital.

Desistir não é uma opção.

🛡️ Viés Defensivo: funding como escudo estratégico

Três vetores pressionam diretamente a incorporação tradicional:

  • → Aumento dos custos de materiais e mão de obra
  • → Capital mais caro e crédito bancário mais seletivo
  • → Incertezas tributárias impactando o retorno esperado

Esse cenário tornou os projetos mais arriscados, menos previsíveis — e mais difíceis de fechar conta.

Se o modelo tradicional perdeu força, o incorporador se viu obrigado a repensar a forma como o capital é estruturado.

Imagem ilustrativa

O funding passa a ser usado como ferramenta de defesa:

  • → Para preservar margem em ambientes mais hostis
  • → Para reduzir a exposição de capital do incorporador
  • → Para melhorar as condições com fornecedores e donos de terrenos
  • → Para aumentar a previsibilidade financeira

👉 Mais do que captar recursos, o objetivo agora é usar o funding de forma estratégica para seguir operando com segurança.

🚀 Viés Oportunístico: funding como motor de crescimento

Se por um lado o empreendedor usa o funding para se proteger, por outro, ele pode usá-lo para avançar.

Em um mercado mais volátil e assimétrico, surgem janelas de oportunidade para quem está capitalizado — ou sabe estruturar capital com inteligência.

Aqui, o funding deixa de ser apenas um escudo.

Ele vira um instrumento de ataque.

A lógica muda:

  • → Em vez de reduzir exposição, o objetivo é aumentar o alcance
  • → Em vez de preservar caixa, a meta é multiplicar retornos
  • → Em vez de esperar o ciclo virar, a estratégia é antecipar movimentos
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📝 Usar o funding com viés oportunístico é acelerar projetos com timing de mercado, escalar operações com tração e ocupar espaços antes que fiquem caros demais.

🧠 O que vem a seguir?

Agora que entendemos por que o modelo tradicional perdeu força — e como o empreendedor está se reinventando —, é hora de responder à pergunta:

Como o mercado de funding imobiliário está mudando?

No próximo capítulo da Expert Series, você vai ver:

  • → As mudanças no ambiente tradicional de funding imobiliário
  • → Como novas regras, tecnologias e perfis de investidores estão moldando o jogo
  • → Por que o mercado está mais assimétrico — e cheio de oportunidades para quem souber jogar

📌 A era do funding subsidiado acabou.

Uma nova geração de alternativas está se abrindo. Você vai precisar conhecê-las para seguir crescendo.

Nos vemos no Capítulo 2.

MUNDO

A guerra de tarifas também pode impactar sua estratégia de capital

Contêineres EUA e China

Empresários do setor estão se perguntando: essa guerra tarifária entre China e EUA vai impactar por aqui?

A resposta é sim. E de dois jeitos bem diferentes.

🔻 Material mais barato no radar

Enquanto o Brasil consome 23 mil toneladas de aço por ano. A China exporta mais de 400 milhões de toneladas de aço apenas para os EUA.

Com a porta se fechando por lá, sobra aço — e uma fração dele pode acabar vindo parar aqui.

Mais oferta = preço mais baixo.

Fazendo uma conta simples, se 1% do aço chinês excedente for destinado ao Brasil, podemos ter pelo menos 10% de redução no preço.

E o mesmo pode acontecer para uma vasta gama de materiais.

💡 Boa perspectiva para os custos de construção

📈 Mas o dinheiro pode continuar, ou ficar ainda mais caro.

Se a inflação subir nos EUA, o Fed tende a segurar os juros no alto.

Isso pressiona o Brasil a fazer o mesmo — e os financiamentos continuam salgados.

👎 O que não ajuda em nada os projetos imobiliários por aqui.

Em resumo: material pode ficar mais barato, mas o crédito deve continuar apertado. O cenário é misto — e exige um olhar atento e novamente uma maior capacidade de entender suas alternativas de capital.
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