TES Construção Modular #5: o que podemos aprender com uma das maiores empresas do mundo em construção industrializada?

A virada de chave da empresa aconteceu quando ela passou a implementar tecnologias modulares em seus projetos.

Com mais de 100 anos de história e mais de US$ 15 bilhões em contratos anuais, a Skanska se destaca hoje como uma das maiores empresas globais no setor de infraestrutura e construção. Operando em mercados como Europa, América do Norte e Ásia, a virada de chave da empresa aconteceu quando ela passou a implementar tecnologias modulares em projetos como a Rodovia I-95, nos EUA. Com ele, a empresa reduziu prazos em até 50%, economizou milhões e entendeu o quanto esse caminho era vantajoso.

A transformação modular da Skanska também teve repercussões financeiras diretas. Em 2023, a empresa reportou um crescimento de 12% nas margens operacionais, atribuindo esse ganho ao menor tempo de execução e à eficiência no uso de recursos modulares em projetos.

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Neste artigo, exploramos o legado da Skanska, sua adaptação ao uso de tecnologias modulares e os pilares que sustentam seus negócios globais. A empresa é um exemplo de como modelos inovadores, sustentáveis e tecnológicos podem transformar a indústria e gerar valor para investidores e clientes.

Highlights do conteúdo

  • Fundada em 1887, a Skanska é um dos maiores players globais da construção, com atuação em toda a Europa, América do Norte e Ásia;
  • A empresa aplica tecnologias modulares em projetos como rodovias, hospitais e data centers, reduzindo o tempo de execução em até 50%;
  • Projetos notáveis incluem rodovias, como a Rodovia I-95, nos EUA (US$ 625M), e data centers (US$ 400M+), usando módulos pré-fabricados de alta eficiência;
  • Pioneira em sustentabilidade, busca a neutralidade de carbono até 2045, com práticas de baixo impacto ambiental;
  • A Skanska utiliza BIM e IA para melhorar a gestão de projetos e reduzir custos operacionais;
  • A empresa lidera na construção sustentável, utilizando concreto ecológico que reduz as emissões de CO2 em até 50%;
  • Parcerias estratégicas com gigantes de tecnologia e setor público impulsionam seu crescimento e expansão global;
  • A modularidade em seus projetos possibilitou a replicação de soluções em mais de 10 países, aumentando a eficiência e consistência.

Adaptação à construção modular: a virada estratégica

A virada de chave para a Skanska veio com a adoção da construção modular, que possibilitou ganhos significativos em eficiência e escalabilidade. Ao optar pela fabricação de componentes modulares em ambientes controlados, a empresa reduziu o tempo de execução de projetos em até 50%, um diferencial chave em grandes obras, como rodovias, hospitais e data centers.

A Skanska começou a aplicar tecnologias modulares de maneira mais ampla a partir de 2015, quando passou a apostar nessas metodologias em projetos estratégicos, como o da rodovia I-95, nos EUA. O uso de módulos pré-fabricados para a construção de pontes e túneis nesse projeto trouxe resultados assertivos: acelerou significativamente o cronograma de obras, permitindo que partes críticas da infraestrutura fossem entregues meses antes do previsto, reduzindo o impacto no trânsito e os custos operacionais em milhões.

Rodovia I-95, nos Estados Unidos

A empresa conseguiu completar fases críticas da obra até seis meses antes do previsto. Um estudo de caso realizado durante essa obra indicou uma economia operacional de aproximadamente 20% e uma redução dos impactos no tráfego local, evitando até US$ 50 milhões em custos adicionais de manutenção e perdas associadas a atrasos. Isso mostra como a aceleração de prazo de execução com uso de construção industrializada pode justificar custos de obras mais elevados capturando valor nos impactos que o projeto pode economizar no entorno.

Um ponto relevante é que, já nas décadas de 1970 e 1980, a Skanska utilizava métodos modulares, principalmente em projetos residenciais e de pequena infraestrutura na Suécia e outros países europeus. O uso da modularidade nessa época se concentrava na construção de habitações sociais e estruturas escolares, onde a demanda por rapidez e eficiência era alta. Mas foi só entre os anos de 2015 e 2016 que a Skanska consolidou o uso dessa abordagem para grandes infraestruturas, especialmente após o sucesso comprovado nas rodovias dos EUA.

A Skanska também aplicou esse método na construção de hospitais modulares no Reino Unido durante a pandemia de Covid-19. A modularidade foi essencial para atender à alta demanda por instalações de saúde, permitindo que hospitais completos fossem montados em semanas.

Podemos aqui estabelecer um paralelo com o que a Brasil ao Cubo fez no Brasil. Assim como a Skanska respondeu rapidamente às demandas urgentes de infraestrutura, a empresa brasileira consolidou sua presença ao acelerar a entrega de hospitais em tempos recordes, como no caso de hospitais de campanha e permanentes, erguidos em pouco mais de um mês.

Um exemplo é o Hospital Municipal M'Boi Mirim, em São Paulo, montado em apenas 33 dias. O projeto, que envolveu mais de 3 mil m2 de área construída, foi entregue 7 dias antes do prazo previsto (de 40 dias) e respondeu de forma assertiva aos desafios de infraestrutura hospitalar desse período delicado. Essa é a prova de que a metodologia modular, quando aplicada corretamente, pode escalar em tempos de crise e transformar o mercado a partir da entrega de soluções ágeis.

Hospital Municipal M'Boi Mirim, em São Paulo

Pilares do negócio da Skanska: modularidade como eixo central

A Skanska estruturou sua estratégia em torno de três pilares fundamentais que sustentam seu sucesso global: inovação na construção modular, sustentabilidade com foco em baixo impacto ambiental, e escalabilidade para grandes projetos ao redor do mundo.

Inovação aplicada à modularidade

A inovação da Skanska é evidenciada pela sua aplicação avançada da construção modular em projetos complexos e de larga escala. Ao adotar a modularidade em obras como hospitais, rodovias e data centers, a empresa reduziu prazos de entrega em até 50%, acelerando a execução e aumentando a precisão. O uso de módulos pré-fabricados, além de trazer eficiência, facilita a integração com tecnologias de ponta como o BIM (Building Information Modeling).

O BIM se tornou uma ferramenta essencial para garantir que cada módulo seja projetado e ajustado com precisão antes da construção. Por meio dele, a Skanska consegue visualizar e simular todo o projeto em um ambiente digital, antecipando e resolvendo problemas antes mesmo que a obra comece.

Além disso, a Skanska implementou um assistente de IA para gerenciar dados complexos e otimizar os fluxos de trabalho em projetos modulares. Esse sistema de IA auxilia na organização de tarefas, melhorando o controle dos cronogramas e a alocação de recursos, reduzindo desperdícios e riscos ao longo da obra.

Sustentabilidade impulsionada pela construção modular

A modularidade desempenha um papel central no compromisso da Skanska com a sustentabilidade. Ao produzir componentes em fábrica, a empresa minimiza o desperdício de materiais e otimiza a logística, reduzindo emissões de carbono durante o transporte e a execução das obras.

Falando agora sobre a fábrica da Skanska, basicamente ela é responsável por produzir módulos pré-fabricados, que incluem elementos como paredes, pisos e tetos, bem como sistemas integrados de instalações elétricas e hidráulicas. Esses módulos são fabricados em um ambiente controlado, o que reduz o risco de erros, melhora a qualidade e garante a precisão na montagem. Após a produção, os módulos são transportados para o local de construção, onde são rapidamente montados.

Projetos modulares da Skanska, como data centers na Europa, integram soluções de eficiência energética que podem economizar até 40% do consumo energético.

O uso de tecnologias como BIM e IA também contribui para a sustentabilidade, ao permitir um melhor planejamento dos recursos e menor impacto ambiental. A modularidade, somada a essas tecnologias, permite que a empresa atinja metas ambiciosas, como a neutralidade de carbono até 2045. Um exemplo disso é o uso de concreto ecológico, que reduz as emissões de CO2 em até 50% quando comparado com o concreto tradicional.

Abaixo, veja um gráfico de como a empresa pretende chegar a esse número:

Plano climático da Skanska para zerar as emissões até 2045

Escalabilidade global por meio da modularidade

A construção modular oferece à Skanska uma capacidade única de escalar projetos em mercados globais de forma consistente. Ao aplicar tecnologias modulares, a Skanska pode replicar soluções em diferentes países com rapidez e eficiência, como demonstrado em seus projetos de data centers na Finlândia e hospitais modulares no Reino Unido, por exemplo. A utilização de BIM nesses projetos permite que a Skanska coordene equipes em diferentes regiões e aplique a modularidade de maneira adaptada a cada contexto local, mantendo altos padrões de qualidade.

Abaixo, confira alguns lugares do mundo onde a Skanska está presente:

A IA também desempenha um papel crucial na escalabilidade, auxiliando na análise de dados e no planejamento logístico de obras modulares em diferentes países.

Ao otimizar esses processos com IA, a Skanska consegue replicar o sucesso de projetos de grande escala, como o Lokomotion Technology Centre na Finlândia, onde a modularidade reduziu o tempo de construção em 30%, mantendo a consistência na entrega em diferentes mercados.

Exemplos de projetos globais: modularidade em ação

A atuação global da Skanska se reflete em uma série de projetos inovadores que aplicam a modularidade em diferentes setores e regiões. Conheça os principais deles a seguir:

Em ordem, imagens de cada um dos projetos detalhados abaixo
  • Rodovia I-95, EUA: Com um contrato de US$ 625 milhões, a Skanska utilizou módulos pré-fabricados para construir pontes e túneis em tempo recorde, reduzindo os impactos no tráfego e economizando milhões de dólares em custos adicionais de manutenção e atrasos;
  • Data Centers, EUA e Europa: Com contratos superiores a US$ 400 milhões, a Skanska aplica modularidade para entregar data centers em locais estratégicos, com uma abordagem replicável que permite expandir rapidamente a infraestrutura de TI, um setor com demanda crescente;
  • Cederhusen, localizado em Estocolmo, na Suécia: esse projeto é um dos maiores empreendimentos residenciais em madeira da Europa e utiliza tecnologia de construção modular com madeira laminada cruzada (CLT - Cross Laminated Timber). A escolha pela CLT reflete a busca da Skanska por métodos construtivos sustentáveis que reduzam a pegada de carbono, além de ser mais rápido de montar e entregar benefícios em termos de eficiência energética;
  • Estações ferroviárias na República Tcheca: a empresa está envolvida em um projeto de CZK 1,2 bilhões (aproximadamente US$ 55 milhões), focado na modernização de estações com módulos pré-fabricados, garantindo eficiência no tempo de entrega e minimizando interrupções nas operações ferroviárias;
  • Lokomotion Technology Centre, Finlândia: estamos falando de um centro industrial de alta tecnologia avaliado em US$ 150 milhões, onde a modularidade foi essencial para cumprir os rigorosos prazos de entrega, proporcionando um ambiente eficiente para pesquisa e inovação tecnológica.

Como empresas tradicionais podem se inspirar nesse movimento?

A história de adaptação da Skanska oferece lições valiosas para empresas que buscam crescer e se adaptar em um mercado cada vez mais dinâmico. Duas delas se destacam:

1. Adapte-se ou fique para trás

Além dos desafios enfrentados no setor, a Skanska também usou a construção modular como um catalisador para superar obstáculos críticos. Durante a crise de escassez de mão de obra qualificada na Europa e nos EUA, por exemplo, a empresa enfrentava a dificuldade de concluir projetos dentro do prazo, o que impactava diretamente seus custos e margens de lucro.

Ao implementar métodos modulares, a Skanska reduziu o tempo de construção em até 50%, compensando esses gargalos e garantindo que os prazos fossem cumpridos mesmo em ambientes de alta pressão.

No Brasil, o setor da construção civil também enfrenta desafios semelhantes. De acordo com a CBIC, o país sofre com a escassez de mão de obra qualificada, especialmente em áreas técnicas, resultando em atrasos e aumento de custos em projetos de grande porte. Dados de um relatório da FGV apontam que o déficit de profissionais qualificados na construção civil chegou a 200 mil em 2022.

A construção modular surge como uma solução eficaz para esse problema. Ao transferir grande parte da construção para fábricas, o setor pode otimizar a utilização de mão de obra qualificada, além de reduzir o tempo de execução em canteiros e diminuir o impacto das interrupções. Esse modelo também permite o treinamento especializado em ambientes controlados, o que pode aliviar a pressão por mão de obra qualificada nos locais de obra, acelerando a entrega e reduzindo custos.

Além disso, em um cenário de aumento de custos de materiais de construção, a modularidade também ajudou a Skanska a reduzir a dependência de fornecedores e otimizar o controle sobre os custos dos insumos.

2. Sustentabilidade é mais do que um diferencial

Ao integrar práticas sustentáveis em seus negócios, a Skanska demonstrou que a sustentabilidade pode ser uma alavanca estratégica para crescimento. Empresas que adotam essa abordagem atraem investidores e clientes com foco em ESG, criando oportunidades de longo prazo.

O mercado global de construções sustentáveis está projetado para atingir US$ 517,17 bilhões até 2030, com um crescimento composto anual de 10,5% entre 2021 e 2030. E empresas como a Skanska estão posicionadas para capturar uma fatia significativa desse mercado, graças ao seu compromisso com projetos de baixo impacto ambiental.

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