A virada de chave da empresa aconteceu quando ela passou a implementar tecnologias modulares em seus projetos.
Com mais de 100 anos de história e mais de US$ 15 bilhões em contratos anuais, a Skanska se destaca hoje como uma das maiores empresas globais no setor de infraestrutura e construção. Operando em mercados como Europa, América do Norte e Ásia, a virada de chave da empresa aconteceu quando ela passou a implementar tecnologias modulares em projetos como a Rodovia I-95, nos EUA. Com ele, a empresa reduziu prazos em até 50%, economizou milhões e entendeu o quanto esse caminho era vantajoso.
A transformação modular da Skanska também teve repercussões financeiras diretas. Em 2023, a empresa reportou um crescimento de 12% nas margens operacionais, atribuindo esse ganho ao menor tempo de execução e à eficiência no uso de recursos modulares em projetos.
Obrigado por ler Terracotta Expert Series: Modular Construction! Subscreva gratuitamente para receber novos posts e apoiar o meu trabalho.
Subscrito
Neste artigo, exploramos o legado da Skanska, sua adaptação ao uso de tecnologias modulares e os pilares que sustentam seus negócios globais. A empresa é um exemplo de como modelos inovadores, sustentáveis e tecnológicos podem transformar a indústria e gerar valor para investidores e clientes.
A virada de chave para a Skanska veio com a adoção da construção modular, que possibilitou ganhos significativos em eficiência e escalabilidade. Ao optar pela fabricação de componentes modulares em ambientes controlados, a empresa reduziu o tempo de execução de projetos em até 50%, um diferencial chave em grandes obras, como rodovias, hospitais e data centers.
A Skanska começou a aplicar tecnologias modulares de maneira mais ampla a partir de 2015, quando passou a apostar nessas metodologias em projetos estratégicos, como o da rodovia I-95, nos EUA. O uso de módulos pré-fabricados para a construção de pontes e túneis nesse projeto trouxe resultados assertivos: acelerou significativamente o cronograma de obras, permitindo que partes críticas da infraestrutura fossem entregues meses antes do previsto, reduzindo o impacto no trânsito e os custos operacionais em milhões.
A empresa conseguiu completar fases críticas da obra até seis meses antes do previsto. Um estudo de caso realizado durante essa obra indicou uma economia operacional de aproximadamente 20% e uma redução dos impactos no tráfego local, evitando até US$ 50 milhões em custos adicionais de manutenção e perdas associadas a atrasos. Isso mostra como a aceleração de prazo de execução com uso de construção industrializada pode justificar custos de obras mais elevados capturando valor nos impactos que o projeto pode economizar no entorno.
Um ponto relevante é que, já nas décadas de 1970 e 1980, a Skanska utilizava métodos modulares, principalmente em projetos residenciais e de pequena infraestrutura na Suécia e outros países europeus. O uso da modularidade nessa época se concentrava na construção de habitações sociais e estruturas escolares, onde a demanda por rapidez e eficiência era alta. Mas foi só entre os anos de 2015 e 2016 que a Skanska consolidou o uso dessa abordagem para grandes infraestruturas, especialmente após o sucesso comprovado nas rodovias dos EUA.
A Skanska também aplicou esse método na construção de hospitais modulares no Reino Unido durante a pandemia de Covid-19. A modularidade foi essencial para atender à alta demanda por instalações de saúde, permitindo que hospitais completos fossem montados em semanas.
Podemos aqui estabelecer um paralelo com o que a Brasil ao Cubo fez no Brasil. Assim como a Skanska respondeu rapidamente às demandas urgentes de infraestrutura, a empresa brasileira consolidou sua presença ao acelerar a entrega de hospitais em tempos recordes, como no caso de hospitais de campanha e permanentes, erguidos em pouco mais de um mês.
Um exemplo é o Hospital Municipal M'Boi Mirim, em São Paulo, montado em apenas 33 dias. O projeto, que envolveu mais de 3 mil m2 de área construída, foi entregue 7 dias antes do prazo previsto (de 40 dias) e respondeu de forma assertiva aos desafios de infraestrutura hospitalar desse período delicado. Essa é a prova de que a metodologia modular, quando aplicada corretamente, pode escalar em tempos de crise e transformar o mercado a partir da entrega de soluções ágeis.
A Skanska estruturou sua estratégia em torno de três pilares fundamentais que sustentam seu sucesso global: inovação na construção modular, sustentabilidade com foco em baixo impacto ambiental, e escalabilidade para grandes projetos ao redor do mundo.
A inovação da Skanska é evidenciada pela sua aplicação avançada da construção modular em projetos complexos e de larga escala. Ao adotar a modularidade em obras como hospitais, rodovias e data centers, a empresa reduziu prazos de entrega em até 50%, acelerando a execução e aumentando a precisão. O uso de módulos pré-fabricados, além de trazer eficiência, facilita a integração com tecnologias de ponta como o BIM (Building Information Modeling).
O BIM se tornou uma ferramenta essencial para garantir que cada módulo seja projetado e ajustado com precisão antes da construção. Por meio dele, a Skanska consegue visualizar e simular todo o projeto em um ambiente digital, antecipando e resolvendo problemas antes mesmo que a obra comece.
Além disso, a Skanska implementou um assistente de IA para gerenciar dados complexos e otimizar os fluxos de trabalho em projetos modulares. Esse sistema de IA auxilia na organização de tarefas, melhorando o controle dos cronogramas e a alocação de recursos, reduzindo desperdícios e riscos ao longo da obra.
A modularidade desempenha um papel central no compromisso da Skanska com a sustentabilidade. Ao produzir componentes em fábrica, a empresa minimiza o desperdício de materiais e otimiza a logística, reduzindo emissões de carbono durante o transporte e a execução das obras.
Falando agora sobre a fábrica da Skanska, basicamente ela é responsável por produzir módulos pré-fabricados, que incluem elementos como paredes, pisos e tetos, bem como sistemas integrados de instalações elétricas e hidráulicas. Esses módulos são fabricados em um ambiente controlado, o que reduz o risco de erros, melhora a qualidade e garante a precisão na montagem. Após a produção, os módulos são transportados para o local de construção, onde são rapidamente montados.
Projetos modulares da Skanska, como data centers na Europa, integram soluções de eficiência energética que podem economizar até 40% do consumo energético.
O uso de tecnologias como BIM e IA também contribui para a sustentabilidade, ao permitir um melhor planejamento dos recursos e menor impacto ambiental. A modularidade, somada a essas tecnologias, permite que a empresa atinja metas ambiciosas, como a neutralidade de carbono até 2045. Um exemplo disso é o uso de concreto ecológico, que reduz as emissões de CO2 em até 50% quando comparado com o concreto tradicional.
Abaixo, veja um gráfico de como a empresa pretende chegar a esse número:
A construção modular oferece à Skanska uma capacidade única de escalar projetos em mercados globais de forma consistente. Ao aplicar tecnologias modulares, a Skanska pode replicar soluções em diferentes países com rapidez e eficiência, como demonstrado em seus projetos de data centers na Finlândia e hospitais modulares no Reino Unido, por exemplo. A utilização de BIM nesses projetos permite que a Skanska coordene equipes em diferentes regiões e aplique a modularidade de maneira adaptada a cada contexto local, mantendo altos padrões de qualidade.
Abaixo, confira alguns lugares do mundo onde a Skanska está presente:
A IA também desempenha um papel crucial na escalabilidade, auxiliando na análise de dados e no planejamento logístico de obras modulares em diferentes países.
Ao otimizar esses processos com IA, a Skanska consegue replicar o sucesso de projetos de grande escala, como o Lokomotion Technology Centre na Finlândia, onde a modularidade reduziu o tempo de construção em 30%, mantendo a consistência na entrega em diferentes mercados.
A atuação global da Skanska se reflete em uma série de projetos inovadores que aplicam a modularidade em diferentes setores e regiões. Conheça os principais deles a seguir:
A história de adaptação da Skanska oferece lições valiosas para empresas que buscam crescer e se adaptar em um mercado cada vez mais dinâmico. Duas delas se destacam:
Além dos desafios enfrentados no setor, a Skanska também usou a construção modular como um catalisador para superar obstáculos críticos. Durante a crise de escassez de mão de obra qualificada na Europa e nos EUA, por exemplo, a empresa enfrentava a dificuldade de concluir projetos dentro do prazo, o que impactava diretamente seus custos e margens de lucro.
Ao implementar métodos modulares, a Skanska reduziu o tempo de construção em até 50%, compensando esses gargalos e garantindo que os prazos fossem cumpridos mesmo em ambientes de alta pressão.
No Brasil, o setor da construção civil também enfrenta desafios semelhantes. De acordo com a CBIC, o país sofre com a escassez de mão de obra qualificada, especialmente em áreas técnicas, resultando em atrasos e aumento de custos em projetos de grande porte. Dados de um relatório da FGV apontam que o déficit de profissionais qualificados na construção civil chegou a 200 mil em 2022.
A construção modular surge como uma solução eficaz para esse problema. Ao transferir grande parte da construção para fábricas, o setor pode otimizar a utilização de mão de obra qualificada, além de reduzir o tempo de execução em canteiros e diminuir o impacto das interrupções. Esse modelo também permite o treinamento especializado em ambientes controlados, o que pode aliviar a pressão por mão de obra qualificada nos locais de obra, acelerando a entrega e reduzindo custos.
Além disso, em um cenário de aumento de custos de materiais de construção, a modularidade também ajudou a Skanska a reduzir a dependência de fornecedores e otimizar o controle sobre os custos dos insumos.
Ao integrar práticas sustentáveis em seus negócios, a Skanska demonstrou que a sustentabilidade pode ser uma alavanca estratégica para crescimento. Empresas que adotam essa abordagem atraem investidores e clientes com foco em ESG, criando oportunidades de longo prazo.
O mercado global de construções sustentáveis está projetado para atingir US$ 517,17 bilhões até 2030, com um crescimento composto anual de 10,5% entre 2021 e 2030. E empresas como a Skanska estão posicionadas para capturar uma fatia significativa desse mercado, graças ao seu compromisso com projetos de baixo impacto ambiental.
Quer saber mais sobre modelos de negócio no segmento? Descobrir como combinar elementos para atingir os melhores resultados? Conhecer iniciativas de construção modular que deram certo e as que ficaram pelo caminho? E nesse último caso, o que poderia ter sido feito de diferente?
Aproveite nossos canais interativos e mande a sua pergunta pra gente! Você pode mandar uma DM em meu LinkedIn ou em nossas redes sociais.
O primeiro programa destinado a empreendedores e investidores imobiliários