Este conteúdo foi trazido na edição #128 do Radar Terracotta. Acesse aqui
A Adaptavate, construtech britânica especializada em materiais bio-based, anunciou nesta semana uma rodada pré-Series A de £27 milhões, liderada pela Sustainable Ventures e Barclays Sustainable Impact Capital.
O aporte vai viabilizar a abertura de quatro novas fábricas — duas no Reino Unido e duas nos EUA — e elevar a produção anual para mais de 20 000 unidades habitacionais.
No setor da construção, cerca de 37 % das emissões globais de CO₂ vêm dos materiais e processos. Tradicionalmente, cimento, poliestireno expandido e lã de vidro dominam o mercado, mas deixam um legado de “carbono incorporado” altíssimo.
A solução da Adaptavate substitui parte destes insumos por cânhamo (cultivo anual que restaura a qualidade do solo) e cal natural, que juntos podem sequestrar até 10 kg de CO₂ por metro quadrado de parede construída.
Reconhecidos pelo British Board of Agrément (BBA) e pelo Passive House Institute, os DualFix® Blocks apresentam condutividade térmica de apenas 0,08 W/mK, garantindo conforto sem sistemas mecânicos caros. Já os revestimentos à base de cal regulam umidade e evitam mofo, prolongando a vida útil dos edifícios.
O investimento será aplicado na instalação de fábricas modulares, que aceleram a montagem e mantêm padrão de qualidade.
Cada planta usará sistemas digitais de rastreabilidade, conectando diretamente o cultivo de cânhamo à produção, o que fortalece a transparência e facilita auditorias de sustentabilidade.
Para garantir fornecimento consistente, a Adaptavate estreitou parcerias com cooperativas agrícolas, pagando preços justos a produtores locais.
Essa integração “farm-to-factory” cria uma economia rural circular, gera empregos verdes e fortalece a resiliência da cadeia.
A adoção em larga escala desses materiais bio-based pode reduzir em até 30 % a conta de energia dos ocupantes — reflexo da alta inércia térmica que minimiza picos de calor e frio.
Além disso, o setor passa a contar com uma rota clara para atingir metas de net zero antes de 2030, em consonância com regulações mais rígidas na UE e no Reino Unido.
Em termos de mercado, espera-se que a oferta competitiva de blocos de cânhamo e cal estimule incorporadores a repensar orçamentos e cronogramas, migrando parte dos recursos antes destinados a climatização e manutenção para novos projetos.
Apesar do otimismo, existem obstáculos: ampliar a produção de cânhamo em escala industrial ainda depende de mudanças na legislação agrícola em alguns países, e a aceitação técnica por arquitetos e engenheiros exige capacitação.
A Adaptavate, por sua vez, investe em centros de demonstração e programas de treinamento, convidando parceiros de projeto para testar protótipos in loco.
No laboratório, o time de P&D explora compósitos com biochar e argilas alternativas, além de automação por robótica e impressão 3D de painéis, buscando novas fronteiras de desempenho e sustentabilidade.
O primeiro programa destinado a empreendedores e investidores imobiliários