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Marketplace, cadeia de suprimentos e sustentabilidade na construção

Terracotta News #11

30 de junho de 2021

Para essa semana quero trazer uma reflexão sobre temas aparentemente desconexos: eficiência na cadeia de suprimentos e sustentabilidade. Ambos mostram o impacto do VC em diferentes estágios de inovação - e do papel dos investidores especialistas em construtechs e proptechs. No final explicarei melhor.

Diferente do que entendemos por e-commerce - uma única loja vendendo seus produtos na internet - , o marketplace reúne uma variedade de fornecedores em uma só plataforma, que conecta os usuários a produtos e serviços com bom custo-benefício.

Dito isso, plataformas que aplicam esse conceito no setor construtivo têm se mostrado boas apostas para reduzir custos - sob o olhar das construtoras - e trazer comodidade para quem busca a reforma ou manutenção - olhar do proprietário. É o caso da Lessen e da Plentific, startups que conectam donos de propriedades a profissionais qualificados para auxiliar na manutenção e renovação do imóvel.

Um exemplo recente disso aqui no Brasil é a Constr Up, startup cuja plataforma permite a comparação de preços de artigos elétricos, hidráulicos, pinturas e acabamento:

E conforme esse tipo de negócio ganha maturidade no mercado, vemos também exemplos como o da MadeiraMadeira, que realizou recentemente a sua primeira aquisição após ser avaliada em mais de 1 bilhão de dólares no início do ano: 

Dentre outros fatores, a negociação visou a eficiência logística do negócio, um desafio recorrente para quem busca escalabilidade.

No início deste mês (5), o dia do meio ambiente trouxe à tona um tema que não é novidade, mas também nunca teve um viés tão pragmático como o que temos visto hoje em dia, uma vez que fomentar iniciativas de core sustentável tem sido, cada vez mais, uma regra do jogo. No artigo abaixo, entendemos melhor alguns caminhos que esta prática tem percorrido na indústria da construção e como startups se posicionam nesse sentido:

O texto aponta, dentre outras coisas, como o ecossistema de startups tem, cada vez mais, desafiado o setor de construção e imobiliário com ideias novas, trazendo bons resultados aliados aos princípios de sustentabilidade. Vou trazer alguns exemplos:  

Com uma abordagem diferente para o marketplace, a Sealed foca em avaliar residências, identificando problemas de isolamento térmico ou boilers ineficientes para conectar fornecedores e melhorar o perfil de consumo energético do local. Aqui no Brasil, a Clarke teve um destaque recente, também apostando na eficiência energética, mas dessa vez para empresas.

E é claro que o canteiro também pode e deve ser mais sustentável. A Contilio, por exemplo, usa um software que extrai informações via Lidar/Laser para não somente reduzir custos, mas tornar o processo produtivo mais sustentável através da redução de resíduos. Neste mesmo universo, o tema de green building é forte e aparece em cases como o da 14Trees, na África, em que escolas foram construídas em tempo recorde com uso de impressão 3D.

Interessante notar que alternativas de construção modular já têm nascido com este viés, como é o caso da Noah, que mencionamos aqui em nossa pauta sobre construção off-site

Nesse sentido, vale também mencionar o caso da Modulous, que aplica um modelo orientado a design de produto para criar casas sustentáveis. A empresa passou por sua segunda rodada de investimento com participação da CEMEX (player de um dos segmentos com maior impacto ambiental no mundo, o cimento). No Brasil a Duratex segue um caminho parecido, apostando no corporate venture capital.

No mais, abordagens disruptivas também têm ganhado espaço, como a Holy Grail, que está desenvolvendo micro dispositivos para captura de carbono. O projeto, se bem sucedido, pode criar uma rede de captura de carbono aberta e acessível ao consumidor final, semelhante a rede aberta de energia.

Falar de marketplace de insumos e eficiência na cadeia de suprimentos não é novidade. No exterior, já existem startups investidas neste assunto desde 2008 e no Brasil as primeiras remontam a 2015. Logo, apesar de o assunto ser desafiador, já é possível visualizar teses sólidas.

Já no tema da sustentabilidade, percebemos que o termo tem deixado de ser um “selo elitista” e começa a ter a atenção séria do mercado financeiro. Porém, as tecnologias e modelos de negócios ainda são confusos, o que leva a um alto grau de incerteza nos negócios.

Em ambos os casos, o papel do investimento de risco em startups tem sido fundamental. Insistir em modelos mais eficientes e resilientes (tema 1) e desenvolver tecnologias em um cenário incerto (tema 2) representam a essência do venture capital, especialmente quando diluímos o risco ao juntar vários investidores em veículos que constroem um portfólio de apostas, desenvolvendo inovação ao mesmo tempo que trazem retorno.

Por fim, uma última reflexão que quero deixar é que a indústria da construção possui desafios muito específicos. Por isso, o papel dos VCs especialistas (PiLabs, Fifth Wall, Groundbreak...) e players do setor (como a Cemex, Duratex...) é mega importante, uma vez que conseguem mergulhar e aproveitar essas oportunidades com total propriedade, transformando e capturando os ganhos da mais importante cadeia econômica do mundo.

Se quiser entender melhor a nossa visão de longo prazo para o ecossistema de inovação do setor, participando ativamente em um de nossos futuros closings, entre em contato.