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Análise do mercado de proptechs na categoria de aquisição

Dentro de nossos estudos sobre o mercado das proptechs, dividimos ele em dois grupos, o de aquisição e os de propriedades em uso. Hoje vou falar sobre a parte de aquisição, a qual compreende todas as startups que trazem inovação e tecnologia para o processo de compra, venda ou aluguel de imóveis.

22 de maio de 2020

O Mercado

O mercado imobiliário é marcado por sua grande representatividade em quantidade de ativos, mas também por ser um setor que durante muito tempo utilizou práticas ineficientes, sendo um dos últimos a adotar tecnologia em sua operação e repensar a forma como a cadeia trabalhava.

Diante disso, a cadeia de transações imobiliárias não se resume apenas a escolha de uma propriedade e o processo até se fazer o uso dela. O grupo comporta players que atuam desde a captação de recursos, intermediação, gestão e diversos outros nichos, que como um todo buscam pela automação e digitalização do setor imobiliário.

Desde que a Terracotta Ventures iniciou seus estudos sobre esse mercado, o crescimento de startups atuando na tese é notável. Comparando o levantamento deste ano com o do mapa de 2018, o número dobrou. Sendo que em comparação deste ano para o anterior, também tivemos um crescimento de 45%.

Subgrupos de Proptechs que chamam a atenção

Nesta tese existem diversas startups que realizaram a captação de investimento, dentre elas as mais conhecidas são aquelas que alcançaram a marca de unicórnio, Quinto Andar e Loft. Juntos, esses dois players já captaram mais de 2,5 bilhões de reais em rodadas de investimento.

É Interesse ressaltar o fato de que das 13 startups brasileiras a atingirem essa marca, 2 estão classificadas no grupo de aquisição, sendo a Loft a empresa que realizou essa conquista no menor tempo de atuação, como mostra imagem abaixo.

Dentro do grupo de aquisição dividimos nossa análise em 36 subgrupos. Agrupamos as proptechs nos diferentes problemas que cada uma tem como foco, o que nos permite entender em que parte do processo estão atuando ou para que atores da cadeia trazem benefícios. A imagem abaixo mostra os maiores subgrupos de nossa base da dados.

Para exemplificar os subgrupos, podemos pontuar o Quinto Andar, classificado na categoria de intermediação digital, com enfoque no aluguel. Subgrupo este que contempla proptechs focadas em intermediar processos da cadeia imobiliária, substituindo demais players tradicionais que possuem este mesmo objetivo. Dentro dessa cadeia o Quinto Andar atua na resolução da dor da pessoa física, o locatário em busca de uma propriedade que atenda suas necessidades e também na dor do proprietário do imóvel, que também é seu cliente.

Outro exemplo é o subgrupo representado pelos canais de comunicação, que contém os chatbots, responsáveis por automatizar a comunicação com os clientes, trazendo mais rapidez e qualidade a esta etapa. O objetivo final da adoção desse tipo de tecnologia é aumentar sua conversão por meio de um melhor atendimento. Este é o caso da uma das startups desse subgrupo, a FireFly, que tem sua solução de chatbot focada no mercado imobiliário.

Como comentado anteriormente, cada solução pode atender diferentes atores na cadeia imobiliária. Portanto, vamos entender agora como as imobiliárias e as incorporadoras podem ser beneficiadas e impactadas pelas proptechs.

Imobiliárias

Junto a disrupção de mercado trazida por novos players que atuam na intermediação de aluguel ou compra e venda de imóveis, as imobiliárias se viram na posição de repensar a forma como atuavam, agregando tecnologia e inovação para seu business.

Para esse novo modelo, existem startups como a Woliver e Rua Dois, que funcionam como uma esteira digital para as imobiliárias, automatizando processos que vão desde o agendamento de visita até a análise do locatário e assinatura do contrato. Dessa forma, elas reduzem o tempo necessário para o fechamento de uma locação para algumas horas e tornam a experiência do usuário mais agradável pela facilidade e agilidade com que cada etapa é concluída.

A proptech CredPago atua na parte financeira da operação, fazendo análises de cadastro em menos de um minuto e também permite que toda a parte burocrática da locação possa ser feita de forma online. Dessa forma seus parceiros conseguem negociar melhor com os inquilinos e melhorar suas taxas de conversão. Este exemplo nos mostra como a inovação pode impactar não somente os aspectos imobiliário da operação, mas também a frente financeira.

Outra startup que entra logo em seguida nesse processo, após o fechamento de um contrato, é a Rede Vistorias. A vistoria imobiliária é uma etapa do processo inevitável, mas que precisa trazer segurança, rapidez e transparência para as partes envolvidas. Eles realizam vistorias de entrada e saída das propriedades, permitindo que a imobiliária tenha um processo a menos, e possa focar no que gera valor dentro da sua operação.

Incorporadoras

As incorporadoras, da mesma forma que as imobiliárias, estão sendo atingidas pela onda de inovação e tecnologia trazida para esse mercado. Vamos falar então sobre algumas soluções que podem auxiliar esse ator da cadeia a se modernizar.

Para facilitar o entendimento e a visualização de projetos que ainda não estão construídos e economizar na criação de maquetes ou demonstrações, as incorporadoras podem optar pelo uso de realidade aumentada, que é o que a Azuba oferece a seus clientes. Através do website as construtoras podem disponibilizar seus projetos para que seus clientes o visualize com mais clareza, em realidade aumentada, em suas próprias residências.

O ambiente decorado também pode se tornar um grande investimento para as incorporadoras, e soluções imersivas como a da VRone permitem que por meio de óculos e software o usuário seja apresentado ambiente criados virtualmente. Sendo assim, ele pode interagir com o local, entender proporções e até mesmo escolher móveis.

Trazendo uma frente diferente, ligada a documentação e jurídico, temos a GrowthTech, cuja solução automatiza o fluxo documental envolvido desde o momento de compra de um terreno, passando por escrituração e chegando aos stands. Tudo isso é feito por uma rede digital sustentada em blockchain, que dentro de seus módulos integra todos os atores envolvidos no ciclo da incorporação imobiliária.

Desintermediação

Temos também players que estão focados na desintermediação do mercado imobiliário. Desintermediar processos é uma tendência mundial, que podemos enxergar acontecendo também em outros mercados, apesar de opiniões adversas a respeito de o quanto isso irá impactar o setor de imóveis.

A desintermediação acontece quando tiramos o intermediador do processo, que é exatamente o que o Mercado Livre, por exemplo propõem. No mercado imobiliário isso acontece quando realizamos a ligação direta do proprietário de um imóvel com outra pessoa que deseja comprá-lo, sem o envolvimento de uma terceira parte na negociação.

A proptech americana Savvy Lane, aplica esse mesmo conceito, permitindo que proprietários que desejam eles mesmos executar a venda de seu imóvel, possam fazer isso, garantindo ainda um processo guiado e simplificado que auxilia o usuário a dar os passos corretos e ter auxílio quando preciso.

No Brasil, a startup Livima atua de forma similar, se posicionando como uma imobiliária que não cobra comissões, executando a cobrança apenas pelo anúncio em sua plataforma.

Conclusão

O mercado imobiliário que por muito tempo foi marcado por seus processos arcaicos e resistência perante a mudança, se vê frente a um movimento que não pode ser contido.

A transformação nessa cadeia está acontecendo e irá continuar a acontecer ao passo que as tecnologias evoluem e os comportamentos de seu mercado consumidor se transformam.

Sendo assim, fica claro que aqueles que liderarem a mudança e souberem executar a transformação, serão os que irão perpetuar e poderão tomar a liderança do mercado.

Maria Eduarda Demaria - Startup Hunter

Linkedin: @mariaeduardademaria