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Por que Gerdau e Amazon investiram em construtechs?​

Terracotta News #16

19 de agosto de 2021

Recentemente, compartilhei com você a notícia de que a Gerdau havia investido em uma startup estadunidense de casas pré-fabricadas com uso de materiais sustentáveis, a Plant Prefab.

O investimento de U$ 30M na construtech - também investida da Amazon anos atrás por meio do seu fundo de VC - se conecta aos objetivos de longo prazo do grupo Gerdau, que através da Gerdau Next têm buscado desenvolver produtos e negócios adjacentes à produção de aço.

E não é a primeira vez que a empresa flerta com este tipo de modelo. Meses atrás a Gerdau adquiriu uma parte da Brasil ao Cubo, startup brasileira de construção modular que ficou bastante conhecida por seu prédio em estilo “Lego” construído em apenas 100 dias.

O movimento faz parte de algo que já temos falado desde o ano passado, quando alertamos sobre o crescimento das chamadas corporate startups dentro do ecossistema de construtechs e proptechs. Hoje vamos entender um pouco mais sobre isso. Boa leitura!

Já ouviu falar de CVC? Não, não. Não é a agência de turismo. O Corporate Venture Capital - termo criado para representar corporações que investem em startups - tem crescido nos últimos anos e se tornado uma prática hiper relevante para empresas que desejam - e muitas vezes precisam - se reinventar.

Só para ilustrar, hoje no mundo todo:

  • A cada 4 aportes em startups, 1 tem participação de uma corporação; 
  • 90% das startups unicórnios contam com pelo menos 1 investidor institucional;
  • E 7 a cada 10 das 500 maiores empresas listadas pela Forbes possuem uma iniciativa neste sentido. 

Acredito que isso já nos dá uma pista do quanto o corporate VC tem crescido em relevância dentro do ecossistema de investimentos, não é mesmo? A Gerdau, inclusive, é um Corporate Partner do Terracotta Warriors I, nosso veículo de investimento especializado em startups da cadeia da construção.

Nossa parceria  reforça os objetivos do seu braço de CVC - o Paris Ventures - e os ajuda a acompanhar a evolução das startups aqui no Brasil, podendo investir em etapas mais avançadas e contar com o apoio e advisoring da Terracotta em suas teses de investimento. 

Iniciativas assim permitem que o ecossistema de startups do setor construtivo cresça e amadureça ainda mais rápido, uma vez que além do dinheiro, a participação de grandes players traz também toda uma expertise setorial - o smart money, como costumamos chamar.

Startups no nosso radar

E com modelos similares ao da Plant Prefab, aqui no Brasil nosso time de startup hunting tem acompanhado de perto algumas startups. A Noah, por exemplo, visa reduzir os impactos negativos da emissão de carbono no setor construtivo e para isso tem buscado viabilizar a construção de prédios com uso de madeira engenheirada.

Já a Mora, por outro lado, utiliza a tecnologia de pré-fabricação para projetar prédios que se diferenciam por sua simplicidade e funcionalidade. A startup é o  primeiro empreendimento de apartamentos High-design para locação no Brasil com o selo HBC e consegue unir design e tecnologia na entrega de smart homes.

E por último, temos acompanhado também a Tecverde, que em um estágio já mais avançado trabalha em parceria com incorporadoras e construtoras, executando o escopo completo das unidades, exceto as fundações. A empresa possui uma fábrica que já é referência em montagem na América Latina e garante a união de rentabilidade, qualidade e prazos.

O cenário no exterior

De modo geral, estas soluções chegam para reduzir custos e aumentar a eficiência da construção. No entanto, é importante frisar que elas são parte de um universo de transformação maior e que engloba variados modelos de negócio que também atacam esse problema.

No exterior, por exemplo, a digitalização do setor construtivo já se encontra em outro nível de maturidade e notícias bem recentes reforçam isso. Veja alguns exemplos:

  • A Agora, startup que atua com gestão de materiais de construção, levantou $ 33M em um series B com participação da Tiger Global. A solução ajuda os projetos a avançarem mais rápido, evitando atrasos desnecessários para o contratante que solicita, rastreia os materiais e automatiza a entrada manual de dados por meio de uma única plataforma;
  • Aporte de $ 40M na Doxel, o “Waze da Construção” que atua com o monitoramento de obras utilizando visão computacional e já consegue fornecer até mesmo uma análise preditiva da obra, identificando os fatores de risco que ameaçam inviabilizar o projeto antes mesmo que eles saibam da existência dos riscos.

No mais, soluções cada vez mais completas se consolidam, como é o caso da, Procore, que anunciou uma integração que permitirá que os empreiteiros gerenciem os recursos, prevejam as demandas do projeto e monitorem a mão de obra nos locais sem alternar entre plataformas de gerenciamento de projetos e de recursos.

Mesmo com a presença de construtechs promissoras e um crescimento da prática de CVC no Brasil, ainda temos um bom caminho pela frente até que estágios mais avançados de investimento se tornem comuns por aqui, especialmente em modelos mais ousados e complexos como o da Procore.

Mesmo assim, reforço a importância de manter o olhar afiado para as transformações do nosso setor, competência que exercitamos diariamente na Terracotta e que busco trazer também em nossos conteúdos semanais.

Se quiser entender como selecionamos as melhores startups e conhecer a fundo o nosso veículo de investimento - possivelmente participando de um próximo closing na posição de investidor - fale conosco. Te explicarei todos os benefícios e condições.