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Construtechs: o que são e como elas impactam a construção civil

15 de abril de 2023

Principais tópicos:

  • O que é uma Construtech
  • Qual a diferença entre Construtech e Proptech
  • Como as Construtechs estão transformando o setor
  • Principais Construtechs do mercado brasileiro

O que é uma Construtech

As Construtechs são empresas que aliam tecnologia e inovação à indústria da construção civil. O termo "Construtech" é uma junção das palavras "construção" e "tecnologia", evidenciando o foco dessas empresas em tornar o setor mais eficiente e sustentável através de soluções tecnológicas.

As Construtechs atuam em diferentes áreas da construção, desde o planejamento e gestão de projetos até a execução das obras. Algumas das soluções que essas empresas oferecem incluem:

  • Plataformas digitais para gerenciamento de projetos e obras
  • Softwares de simulação e modelagem 3D (BIM - Building Information Modeling)
  • Soluções de automação e IoT (Internet das Coisas) para controle de equipamentos e sistemas prediais
  • Materiais sustentáveis e inovadores para redução de impactos ambientais
  • Uso de drones e robôs para inspeção, monitoramento e execução de tarefas

De acordo com o mapa das Construtechs e Proptechs da Terracotta Ventures, existem mais de 300 Construtechs ativas no Brasil. Esse número demonstra o potencial de crescimento e a consolidação dessa tendência no país, com várias empresas inovadoras buscando transformar a indústria da construção civil.

Qual a diferença entre Construtech e Proptech

Enquanto as Construtechs focam na aplicação de tecnologia e inovação para melhorar o setor da construção civil, as Proptechs atuam no mercado imobiliário, desenvolvendo soluções para a compra, venda e locação de imóveis.

A principal diferença entre as duas é o segmento de atuação. As Construtechs atendem às necessidades do setor da construção, enquanto as Proptechs estão voltadas para o mercado imobiliário, que envolve a transação e a gestão de imóveis. Ambas, no entanto, têm em comum o uso da tecnologia como meio para transformar e otimizar processos e serviços.

Como as Construtechs estão transformando o setor

A presença das Construtechs na indústria da construção civil tem provocado uma verdadeira revolução no setor. Essas empresas estão trazendo diversas melhorias e transformações, tais como:

Aumento da produtividade e eficiência

As Construtechs oferecem soluções que permitem a automação e otimização de processos, resultando em maior produtividade e eficiência nas obras. A utilização de softwares de gerenciamento e planejamento, por exemplo, facilita o acompanhamento do andamento das obras e a tomada de decisões baseada em dados.

Redução de custos

A adoção de tecnologias inovadoras e sustentáveis nas obras contribui para a redução de custos, tanto no curto quanto no longo prazo. Materiais e soluções ecológicas, além de gerarem menos impacto ambiental, podem resultar em economia de energia e recursos ao longo do tempo.

Melhoria da segurança

O uso de drones e robôs para inspeção e monitoramento das obras diminui a exposição dos trabalhadores a situações de risco, melhorando a segurança no canteiro de obras. Além disso, a implementação de sistemas de gestão de saúde e segurança do trabalho, aliados às soluções tecnológicas, permite um acompanhamento mais preciso das condições de trabalho e contribui para a prevenção de acidentes.

Sustentabilidade

As Construtechs estão atentas às questões ambientais e desenvolvem soluções para minimizar o impacto das obras no meio ambiente. A utilização de materiais sustentáveis, técnicas de construção eficientes e sistemas de gestão de resíduos são exemplos de como a tecnologia está sendo aplicada para tornar a construção civil mais sustentável.

Tendências que enxergamos dentro do ecossistema de construtechs

O infográfico abaixo foi desenvolvido pela “Future of Construction” em 2017 e traz as 10 tecnologias com maior potencial de impactar a cadeia da construção. Apesar de já ter sido desenvolvido há 4 anos, acreditamos que pouco mudou em termos do que vai transformar o setor.

A Terracota Ventures acredita que, apesar de os temas muitas vezes serem os mesmos, a adoção vai aumentando, o custo de implementação fica cada vez menor e é a combinação dessas tecnologias que pode gerar negócios disruptivos e inovadores, como os que trago de exemplo logo abaixo.

A era das plataformas

Quando olhamos para a trajetória das startups no setor, percebemos que a primeira onda de empresas buscava resolver problemas pontuais da jornada, como digitalizar o check list de qualidade, o diário de obras ou qualquer informação que era armazenada principalmente em “papel”.

O resultado disso são diversas soluções pontuais que não conversam entre si, o que acaba gerando uma experiência ruim aos clientes. Como consequência, estamos vivenciando a tendência do surgimento e consolidação das grandes plataformas.

Plataformas normalmente oferecem um conjunto de features que atuam em mais de um ponto da jornada e possuem uma capacidade de se integrar com outras soluções e centralizar as informações em um único lugar. A Procore e o BIM 360 da Autodesk são grandes exemplos desse tipo de empresa.

A grande força dessas empresas está no fato de que quanto maiores elas forem, mais poder de barganha elas têm sobre soluções pontuais, que vão precisar se integrar a essas plataformas para se manterem competitivas, o que por si só aumenta os switching costs e o valor percebido pelos clientes, tornando-as ainda mais fortes.

Trazendo isso para o cenário brasileiro, temos visto casos de empresas que começaram por um ponto da jornada e agora estão avançando para outras etapas do ciclo construtivo. É importante que as construtechs brasileiras tenham em mente como irão jogar o jogo das plataformas, visto que elas serão os players que capturarão a maior parte do valor.

Data Analytics e Inteligência artificial

Anteriormente, comentamos que as tecnologias que podem transformar o setor ainda são as mesmas, mas o que vem mudando é o nível de adoção delas. Dentro disso, um grande exemplo é o surgimento crescente de construtechs explorando inteligência artificial como meio para entregar suas propostas de valor.

Ao analisar o quadro abaixo, trazido em um estudo da McKinsey, é possível observar que a grande maioria das construtechs que exploram inteligência artificial foi fundada nos últimos 5 anos e que cerca de 80% delas receberam pelo menos algum investimento da indústria de Venture Capital.

Esses dados mostram uma tendência que deve acelerar nos próximos anos impulsionada pela adoção crescente do BIM, que agrega informações aos projetos, a digitalização dos fluxos de trabalho e o próprio surgimento das plataformas, que tendem a gerar grandes volumes de dados.

Abaixo, são apresentados alguns exemplos de startups que têm explorado essa tendência:

Buildots

A empresa atua utilizando câmeras 360 e um algoritmo de visão computacional para identificação de erros de execução e atrasos nas obras. Ao comparar o modelo BIM e o cronograma do projeto com as informações capturadas no canteiro, a empresa consegue acelerar a identificação de desvios e consequentemente a tomada de decisão, impulsionando a produtividade da obra.

nPlan

Startup de predição de atraso em cronogramas e tarefas de acordo com padrões detectados em EAP's antigas. Através de um algoritmos de deep learning consegue aprender com os resultados de projetos anteriores, relacionando qualquer novo projeto a cronogramas executados anteriormente.

SafeAi

O foco da empresa está na tecnologia de veículos autônomos, projetada e construída especificamente para equipamentos pesados ​​usados ​​nas indústrias de mineração e construção. O diferencial da startup está na capacidade de transformar equipamentos já existentes em veículos autônomos.

E as Construtechs Brasileiras? 

Olhando para as construtechs brasileiras, identificamos um cenário parecido com o visto no exterior. Ao comparar com a maturidade do ecossistema de proptechs, por exemplo, fica evidente que o setor de tecnologia da construção ainda está em um estágio anterior.

Entretanto, temos visto uma evolução constante do setor, que pode ser ilustrada, por exemplo, pelo crescente número de startups olhando para essa tese, cerca de 25,2% ao ano - ao menos nos últimos anos.

Alguns cases nos chamam particularmente a atenção, por explorar tendências já mencionadas aqui.

Orçafascio

A empresa faz parte do portfólio da Terracotta e aproveitou o declínio de players antigos do setor de orçamentos para se estabelecer como líder de mercado. Agora, dentro da tendência de plataformas, está tentando avançar para outras etapas do ciclo construtivo.

Noah

Atua dentro da tendência de construção industrializada, tendo recebido um aporte recente da Duratex. A empresa tem como foco a construção de prédios corporativos e atua no segmento de healthy buildings, construindo seus empreendimentos em madeira CLT, um material sustentável e estocador de carbono.

Dataland

A startup recebeu um aporte de R$ 5 milhões em agosto deste ano do GHT4, um multifamily office. A empresa explora a tendência do crescente uso de dados e inteligência artificial e desenvolveu uma solução que, através dessas ferramentas, busca digitalizar o processo do estudo de viabilidade e vocacional de incorporações.

Crescente adesão ao "CVC"

Um outro movimento que está em nosso radar é a crescente participação dos chamados fundos de Corporate Venture Capital (CVCs), só esse ano, por exemplo, tivemos a notícia da Duratex investindo R$ 103 milhões no ABC da Construção, participando do aporte de R$ 103 milhões na Urbem e investindo R$ 15 milhões na Noah.

Como já mencionamos em outro artigo, a atividade de corporate venture capital cresceu 116% entre 2014 e 2019, participando de 25% do total de deals realizado no mercado de venture capital em 2019.

Esse crescimento, visto também no cenário de construtechs brasileiras, é positivo, por representar novas oportunidades para investidores e empreendedores do setor, o que tem potencial de acelerar o desenvolvimento da indústria.

Conclusão

As Construtechs estão revolucionando a indústria da construção civil, trazendo inovação, eficiência e sustentabilidade para um setor que enfrenta desafios crescentes.

Com o avanço das tecnologias e a busca por soluções que atendam às demandas sociais e ambientais, o papel das Construtechs no mercado tende a se consolidar ainda mais nos próximos anos. As empresas que investirem em inovação e se adaptarem às novas tendências têm a chance de liderar essa transformação e contribuir para a construção de um futuro mais próspero e sustentável.